Quarta Criativa🦋#26 o tudo contido no nada
Edição dedicada às páginas em branco ✨
Ainda não conhece a newsletter Quarta Criativa da crisálida? Quer saber por que essa estrutura pode desbloquear sua criatividade? Tá aqui a estrutura explicadinha e lindinha só pra tu 💖
O Ovo: onde tudo é possÃvel
(Se inspirar ou referências da semana)
🎥Filme: Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (trailer) é uma viagem vertiginosa pelo multiverso — mas, no fundo, é uma dança com o vazio. Com o que poderia ter sido, com o que ainda pode ser. Ele nos lembra que o nada não é ausência, mas possibilidade. E que, mesmo no caos, pode existir um fio de afeto que costura o absurdo. Um convite pra olhar para as nossas vidas como colagens imperfeitas e potentes, onde cada escolha é uma faÃsca de criação no meio do infinito.
📚Livro: Why Fish Don’t Exist (o livro ainda não foi lançado em Português mas foi em Espanhol e em Italiano — caso você domine uma delas melhor que inglês), de Lulu Miller, é um mergulho entre o caos e a curiosidade. A narrativa parte de um colapso: quando tudo desmorona, o que resta? A autora percorre a vida do taxonomista David Starr Jordan e, ao longo do caminho, questiona o impulso humano de organizar o mundo — e o que acontece quando essa ordem falha. O livro é, ao mesmo tempo, uma reflexão cientÃfica, uma investigação pessoal e uma ode à capacidade de seguir criando sentido, mesmo (ou especialmente) quando tudo parece ter virado nada.
🎨Arte: Infinity Mirror Rooms, de Yayoi Kusama (uma das minhas favoritas, posso passar o dia falando dela e de tudo que ela fez), nos mergulha num espaço onde o vazio se multiplica até o infinito. Dentro dessas salas espelhadas, o nada ganha forma como um campo de luzes suspensas — cada ponto, uma possibilidade. Kusama transforma o vazio em vastidão e nos lembra que é justamente no espaço não preenchido que a imaginação começa a pulsar.
Ao entrar, somos convidados a nos perder e a nos encontrar. A obra encarna a ideia de que o nada contém tudo — um espelho do nosso próprio potencial criativo, pronto para se acender.





A Lagarta: Pé no chão, raÃzes
(Se conectar)
Você já reparou no intervalo entre uma ideia e a ação? No instante suspenso entre um pensamento e a materialização?
Hoje, talvez, você possa prestar atenção nesse espaço. Só sentir o momento em que algo ainda não é, mas poderia ser.
Pode ser na respiração que se demora antes de sair da cama. Na página do caderno que você ainda não encostou a caneta.
Esse lugar — entre o que é e o que será — guarda segredos que não se revelam com pressa. Tenta só… estar nele.
O Casulo: Introspecção, reflexão
(Olhar pra dentro)
Uma página em branco. Todas as possibilidades do mundo. O tudo contido no zero 0. Todo o universo.
(Escrevi essa reflexão em papel, precisava sentir o lápis vibrando na minha mão.)
Páginas em branco me deixam com água na boca. O nada é o potencial do tudo. É tão poderoso…Por que não tenho paciência com o nada quando ele me habita? Por que esse medo do nada? A gente tem pressa demais.
Eu quero a capacidade de saborear meu nada antes que ele se torne algo. Antes que perca o tudo por alguma coisa pontual. Nunca fomos uma página completamente branca, mas sempre contivemos partes em branco. Não preenchidas. Que viverão primeiro na imaginação. Quero mais empolgação pra explorar essas partes de mim que ainda estão em branco. Partes que ainda não sei. Não fiz. Não preenchi. Quero mais paciência pra deixar os potenciais viverem em mim. Tô cansada da pressa.
Não estou dizendo que quero viver a vida toda no potencial, na página em branco. Se nunca decidirmos como preencher nossas páginas em branco, seremos nada pra sempre e a beleza do potencial — desse tudo antes de qualquer coisa — é que, eventualmente, ele se torne escolha. Ou esse nada será só nada pra sempre. Potenciais só passam a existir quando deixam de ser potenciais.
Não estou aqui glorificando a manutenção eterna do nada. Só quero lembrar da beleza de habitar esse meio do caminho. De curtir a energia do Mago, que olha pra sua mesa com todos os ingredientes disponÃveis. Que sabe que pode escolher. Que sente o universo inteiro pulsando no primeiro passo. Quero me permitir curtir a sensação de termos um infinito de escolhas — e o poder de escolher uma pra realizar (sem esquecer que existem infinitos de diferentes tamanhos).
O Mago (Le Bateleur) é a carta I do tarô. Ele aparece em frente à sua mesa, com todas as ferramentas necessárias à criação ao seu dispor. O potencial infinito que só pede uma escolha. Ele é completamente presente: incorpora a Consciência por não ter nada além do agora. Sem passado, sem futuro, só o primeiro passo importa. Só uma decisão importa: essa, ancorada no presente.
O Mago é o ponto de partida. No ponto original, está contido o universo inteiro. Só quando se é nada que se pode ser tudo. E é só a partir do primeiro passo — da primeira escolha — que qualquer coisa pode se materializar. Assim, ele te pede pra escolher.
Mas, antes de escolher, ele nos ensina a nos ver com todas as cartas na mão. Nos entender como os seres potentes que somos. Ver que o universo inteiro de possibilidades já nos habita. O Mago não pressiona — ele confia. Confia no tempo de cada criação. E convida a ver nossas partes em branco não como falhas, mas como territórios férteis poderosÃssimos.
Minha página deixou de ser branca. Deixou de ser tudo pra ser essa letra, essas palavras, esse grafite marcado no papel. Eu acolhi o vazio, agora eu acolho essa escolha.
A Metamorfose: A transformação, mudança
(Experimentar)
O Mago já está à mesa. Diante dele, os quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Todos os instrumentos da criação estão ali — mas nada foi feito ainda.
Essa semana, a proposta é brincar com essa imagem. Usa ela como ponto de partida para uma criação: um desenho, uma colagem, um texto, um som, um movimento.
Não precisa buscar significados ou interpretações. Tenta ler a carta com o que você é. Se coloca no lugar desse Mago e sente: O que ele vê? O que ele sente diante do tudo que ainda é nada?
Transforma a carta em algo seu. Ela é o inÃcio — você é quem escolhe o caminho.
A Borboleta: Voo, produção, realização
(Abrir as asas e voar)
Hoje, a proposta é simples — e corajosa: escolhe um nada dentro de você e desenha o primeiro ponto.
Não importa se é uma palavra, um traço, um som ou um suspiro. Não precisa saber onde vai dar. Só precisa começar. Dar o primeiro passo.
A página em branco não espera perfeição. Ela só pede presença.
O que está querendo nascer aà dentro?
Espero que essa edição te faça ver força nas suas partes em branco.
Bjs e até quarta que vem <3