Quarta Criativa🦋 #3 o lado inusitado da solidão
Edição dedicada à solitude fértil.
Ainda não conhece a newsletter Quarta Criativa da crisálida? Por que essa estrutura vai desbloquear sua criatividade? Tá aqui a estrutura explicadinha e lindinha só pra tu 💖
O Ovo: onde tudo é possível
(Se inspirar ou referências da semana)
📚 Livro: Essa foi uma recomendação da Sofia: A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão (aqui), de Ana Suy (psicanalista, escritora, professora, psicóloga, mestre e doutora). O livro questiona essa ideia absurda de amor romântico com que somos bombardeados em filmes, livros, músicas e por aí vai. Mas o “acertar na solidão” não é algo triste! Pelo contrário, ler sobre um amor mais real é um verdadeiro alívio. É como se Ana nos desse permissão para viver com mais paz dentro dos nossos relacionamentos, sentindo um amor mais saudável e sustentável do que aquele que somos coagidxs a perseguir desde pequenxs (especialmente se crescemos mulheres).
O discurso dela sobre a solidão é interessantíssimo. Estamos acostumadxs a enxergar a solidão como algo ruim. “Acabar sozinhx” é sempre o final triste dos vilões. Mas a solidão, como Ana coloca, é só parte da nossa própria existência. Somos sós nas nossas cabeças, e ninguém nunca vai mudar isso. O que consumimos nos diz que o amor deveria ser o antídoto para a solidão, que encontrar “a pessoa certa” seria como achar alguém que nos entende completamente, que compartilha tudo conosco e vice-versa. E aí, quando estamos em um relacionamento e não encontramos essa fusão absoluta, parece que o problema está com a gente. Falhamos em perceber a beleza da solidão. E que a solução do nosso final feliz nunca estará na mão de ninguém além de nós.
“Ao encontrar um amor, a gente não encontra a parte que nos faltava até então. A gente encontra a metade que fará falta a partir dali.”
🎶 Música: Já ouviu o álbum de Jorge Du Peixe no qual ele interpreta músicas de Luiz Gonzaga? Começa por Sanfona Sentida (aqui). Para sentar no cantinho mais gostoso da tua casa, com uma xícara de bebida quente e ventinho no rosto.
🗿 Escultura: Encantada por Le Grand Oiseau de Feu sur l'Arche (1991) pela artista franco-americana Niki de Saint Phalle (mais sobre ela aqui).
A Lagarta: Pé no chão, raízes
(Se conectar)
É na solidão, Wendell Berry observa, que “as vozes interiores de cada um tornam-se audíveis”.
Próxima vez que você tiver a oportunidade de estar só, desconecta o celular, deixa o livro de lado, desliga a música, e se senta/deita só pra se permitir escutar esse mundo interior. Se fazer presente em solitude pode abrir espaço pra se conectar com teu eu mais profundo, mais inconsciente.
O Casulo: Introspecção, reflexão
(Olhar pra dentro)
Pra amarrar direitinho com “A Lagarta” acima, dia desses li esse poema de May Sarton exatamente sobre solidão. Aqui está o poema traduzido (aqui a versão original):
CANTICLE 6
Sozinho nunca se está solitário: o espírito
aventura, acordando
Em um jardim tranquilo, em uma casa fresca, permanecendo sozinho lá;
O espírito se aventura no sono, a doce saciação da sede
Quando apenas o reflexo da lua toca o cabelo selvagem.
Não há lugar mais íntimo do que o espírito sozinho:
Ele encontra uma adorável certeza na noite e na manhã.
É somente onde dois se juntam osso contra osso
Que essas solidões acontecem, quando, sem aviso
O céu se abre sobre suas cabeças para um buraco infinito no espaço;
É só voltando-se à noite para um amante que se aprende
Ele é separado como uma estrela para sempre e aquele rosto adormecido
(Por quem o coração chorou, por quem a mão frágil queima)
É balançado para fora na noite sozinho, tão luminoso e quieto,
O espírito desperto atende, o espírito amoroso olha
Sem comunhão, sem toque, e finalmente vem a saber
De um silêncio apenas e nunca quando o corpo arde
Que o amor está presente, que sempre queima sozinho, por mais firme que seja.
Sarton explora no poema como a solidão dá espaço a uma introspecção que permite ao espírito explorar a si mesmo e encontrar um "lugar íntimo". Esse tipo de solidão não é doloroso; ao contrário, é enriquecedor e (eu diria) necessário.
Qual foi a ultima vez que você cultivou espaço para a solidão? Você já parou pra escutar sua solidão? (o exercício acima é um bom jeito de começar)
A Metamorfose: A transformação, mudança
(Experimentar)
Essa semana te proponho redescobrir um projeto antigo. Escolher uma ideia, projeto ou rascunho que nunca foi terminado e finalizá-lo com novos olhos: o seu eu do passado encontra o seu eu do presente.
O que você vê nele hoje que não via quando trabalhou nele a primeira vez? Você tem uma nova percepção sobre a narrativa ou o objetivo do projeto?
A Borboleta: Voo, produção, realização
(Abrir as asas e voar)
Já que falamos tanto sobre solidão nessa edição, essa semana te convido à produzir sobre a seguinte pergunta:
A solidão é espaço ou intervalo?
A proposta é tentar dar corpo a essa pergunta. Usando palavras, desenhos, colagens, qualquer coisa que te permita explorar essa ideia. Quem sabe, no processo, a solidão te revele um lado inesperado.
Isso é tudo pessoal! Quero saber o que a edição de hoje provocou em você. Me conta.
Bjs e até quarta que vem <3