Quarta Criativa🦋 #37 pra aprender a confiar no bucho
Essa edição é um convite à pausa sem culpa ✨
INFORMAÇÃO IMPORTANTE + SPOILERZINHO NO FIM ↓
Ainda não conhece a newsletter Quarta Criativa da crisálida? Quer saber por que essa estrutura pode desbloquear sua criatividade? Tá aqui a estrutura explicadinha e lindinha só pra tu 💖
Sabia que agora você pode ASSISTIR às Quartas Criativas??? Acessa aqui a playlist das QCs.
O Ovo: onde tudo é possível
(Se inspirar ou referências da semana)
🎥Filme: Tem histórias que nos atravessam tão fundo que, por um instante (ou pra sempre), a gente se dissolve dentro delas. Foi isso que me aconteceu vendo Homem com H, o filme de Esmir Filho sobre a vida de Ney Matogrosso.
Não era só sobre ele. Era sobre mim. Sobre nós. Sobre tudo o que se cala, o que se guarda, o que se amarra no peito, o que pede desesperadamente pra fazer barulho e a gente insiste em calar. Ney ousa ser. Se retira dos espaços pequenos demais pra ele. E, quando não encontra espaço adequado, constrói um do zero, feito sob medida. Com corpo, voz e presença. O choro que não conseguia sair em mim (te conto mais sobre isso alí no Casulo) encontrou caminho nele. Saiu de mansinho, se disfarçando de emoção emprestada. Mas era tão minha quanto dele.
Fica o convite pra deixar que essa figura gigante e tão delicada acenda algo aí dentro também — uma fagulha de coragem, de desejo, de expressão. O que queima em ti quando tu vê alguém sendo tão livre?
🎶Música: Perfume do Invisível, de Céu, fala da transição entre se sentir invisível e se permitir ser vista. Da revelação do eu interior como afirmação íntima de quem se é. A hora em que a gente ousa ser livre é quando a gente finalmente se vê e aí o mundo também vê.
“Para me despir / e ser quem eu sou...”
“E o que tava quietinho ali se mostrou, meu bem.”
No filme Homem com H, Céu interpreta a cantora que acende algo em Ney ainda criança. O momento em que ele vê alguém sendo. E reconhece ali um desejo de ser também. Uma permissão pra existir do jeito que se é.
🎨Arte: Vândalas Mascaradas de Sophia Pinheiro. Desde 2013, Sophia Pinheiro desenvolve a série Vândalas Mascaradas através de desenhos, pinturas, esculturas e suas chamadas “atoinvenções” — filmes, fotografias e performances que compõem a obra.
A série propõe uma transformação visceral, poderosa, em que o corpo deixa de ser palco de contenções — e vira festa. Onde o invisível dentro de nós se revela por gestos transbordantes. Uma metáfora visual para a coragem de permitir que o que dança no escuro manifeste som e forma.





A Lagarta: Pé no chão, raízes
(Se conectar)
Ando sentindo que tá tudo demais. Demais de vontade. Demais de expectativa.
Demais de ideias, de caminhos possíveis, de desejos embolados no peito. Ando me sentindo dispersa, desfocada.
O mundo demanda que sigamos em frente como se nada tivesse acontecido, mas o corpo pede pausa. Pede respiro. Pede um espaço só nosso pra servir de palco ao que procura musica aqui dentro.
Essa semana quero te dar um passe livre de culpa pra se dar esse presente (em todos os sentidos da palavra). Um momento de silêncio. De nada. Dedicado a fazer nada e pensar nada. Um, 5, 10 minuto(s) pra sentar com os olhos fechados. Ou olhando pro nada.
Só pra ouvir. Só pra sentir. Só pra lembrar que tu tá aqui — inteira. Mesmo quando dispersa. Mesmo quando não sabe exatamente pra onde ir.
Tu sente isso também?
O Casulo: Introspecção, reflexão
(Olhar pra dentro)
O choro amarrado na garganta. Que dor. Que peso. Que sufoco. O nó que estava pedindo pra chorar. Engarrafado, preso, sem saber como sair, sem achar vazão, sem achar motivo. Com os motivos presos fundo no peito.
Eu como carranca das minhas próprias lagrimas. Carranca cega, surda e muda. Tentando com muita forca, guardando com muita brutalidade. Precisando de prova e aprovação. Precisando representar. Precisando ser uma coisa que eu não estou sendo. Desejando a imagem que vai (a)provar alguma coisa.
Até que meus ouvidos ficaram reféns de palavras inocentes, meus olhos vidrados em uma medusa que dançava na minha frente. Paralisou meus sentidos mas afrouxou as lagrimas que estavam amarradas no peito. O choro que não foi chorado em mim, finalmente encontrou vazão, esperto, se disfarçou na história do outro e saiu de mansinho. Só um filme. A dor do outro é sempre mais fácil de sentir.
Eu não queria chorar. Eu não queria sentir. Eu não quero parar! Eu só quero conseguir. Quero conseguir fazer tudo que tem no meu coração. Tudo pedindo pra realizar. Minha mente, meu coração, parecem uma selva Atlântica, com toda sua riqueza biodiversa. Tanta vida, mas tudo querendo palco ao mesmo tempo. Nada ainda completamente firme, denso. Em processo de transmutação, é ainda transparente. Quando o holofote chega, a luz os dilui. Tudo some. Dispersa. Ainda precisa de corpo. E pra fazer corpo, é preciso de concentração. Concentrar. Afunilar. Selecionar. Restringir. Diminuir o diâmetro do holofote até ficar do tamanho de um botão. Todo o resto fica escuro e eu posso me concentrar inteira somente nele. E costurar ele na memória, queimado na retina.
Eu estou dispersa. Eu quero muito. Quero tudo. Fazer tudo, ser tudo, ter tudo, abranger tudo. Quero estudar tudo, consumir tudo, experimentar tudo, entender tudo e aprender tudo. Eu quero ser infinita. Quero ser vasta. Quero ser suficiente.
Suficiente pra minha família, pros meus amigos, pra sociedade, pros desconhecidos e pra mim. Eu quero ser suficiente pra mim. Eu quero acreditar em todas as palavras que profetizo nas minhas meditações. Eu quero acreditar fundo, nas veias e nos músculos, que eu mereço amor, mereço paz, mereço descanso. Mesmo sem ainda ter cruzado a minha linha chegada. Eu quero acreditar que eu posso pausar e que pausa também é movimento. Eu preciso que meu corpo acredite o que meu cérebro já entendeu e já repetiu milhares de vezes. Mas a carne é teimosa e pouco permeável.
O que fiz por mim e o que fiz pelo outro?
Que parte do meu desejo é meu e que parte é imposto?
Que parte busca felicidade e que parte só busca aprovação?
Porque mesmo depois de tomar tantas decisões miradas na liberdade de ser quem eu sou,
eu ainda quero provar que tinha razão?
Qual o sentido de provar uma razão que existe exclusivamente pra mim?
Eu preciso fazer minha felicidade se encaixar num modelo de sucesso que nem fui eu quem fiz?
Nem sei se é o que acredito? Nem sei se me cabe?
Sinto um impulso que me massacra com a culpa de ainda não estar lá,
mesmo sem saber exatamente o que significa “estar lá”.
Quanta incongruência.
Paciência.
Eu preciso de respiro. Eu preciso de espaço. Espaço pra fazer o que eu quero fazer e fazer por mim. Por minha felicidade. Meu coração.
E uma voz profunda, bem mais antiga que eu, me diz: “Para. Um passo pra trás. Se conecta contigo. Mais. Presta atenção. Toda vez que começar a se distanciar da conexão, para. Reflete. Passo pra trás. Vamos explorar esse território com uma lupa cientifica. Com muito cuidado porque aqui tudo é selvagem e pode matar. Mas também pode encantar. Se a gente conseguir encontrar a magia. Ela pode nos mostrar o caminho. Mas pra encontrar, a gente precisa de muita honestidade. A gente precisa de um coração leve como algo que pertence somente a si. A gente precisa estar aberta, se permitir ser guiada. Fechar os olhos pra acender as estrelas por dentro. E confiar. Acima de tudo a gente precisa confiar. Na gente, nos nossos instintos, na nossa sabedoria, no nosso brilho. Só assim a magia se revela. E aí, a gente confia nela. A gente a deixa nos guiar de olhos fechados e sem medo de cair. Porque a gente sabe levantar. Sem medo de se machucar porque a gente sabe sarar. Sem medo de se perder porque a gente sempre sabe encontrar o caminho de casa. A gente precisa confiar. Confiar e permitir. Abrir o peito. Sentir. Sentir quando algo simplesmente parece certo em nossas entranhas. Quando a palavra canta nos nossos ouvidos. Quando o caminho faz a gente chorar. Quando uma escolha faz nosso coração apertar ou pular ou se contorcer. Quando se acende um fogo lá no centro do nosso ser. A gente tem que prestar muita atenção quando algo simplesmente nos faz sentido. Sem motivos. Nessas horas, a gente tem que confiar no nosso bucho. Bem mais que na nossa cabeça.”
A Metamorfose: A transformação, mudança
(Reinterpretar/Experimentar)
Das três referências do Ovo — o filme, a música ou a série de arte — escolhe uma. Não pela cabeça, mas pelo bucho. Pelo arrepio. Pelo que te cutuca por dentro sem pedir licença.
Assiste, ouve, examina com atenção. Deixa que a obra te atravesse.
Depois, transforma.
Faz uma releitura, uma apropriação, um remix. Pode ser um texto, uma imagem, uma colagem, um som, um movimento. Não precisa explicar. Só responde ao que aquilo despertou em ti.
A metamorfose começa aí: quando algo que era do outro vira parte da tua linguagem. Quando tu pega uma fagulha e acende um fogo teu.
A Borboleta: Voo, produção, realização
(Abrir as asas e voar)
Teu corpo anda pedindo palco? Depois de tanto sentir, talvez seja hora de deixar que algo apareça. Talvez seja hora de agir.
Não precisa ser grande. Nem definitivo. Não precisa ser nada, na realidade. Só ser. Cria algo que dê forma ao que ainda tá meio vapor aí dentro.
Escreve uma linha. Faz um som. Canta baixinho. Arruma um canto teu. Recria teu ambiente. Escolhe uma imagem que represente esse momento. Veste uma roupa que traduza teu humor.
É só isso: uma tradução. De dentro pra fora. Só pra tu. Só pra lembrar que tu podes escolher dar corpo ao que dança desforme internamente.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE
Nessa edição, preciso te dar uma notícia: por enquanto, as Quartas Criativas vão deixar de ser semanais e se tornar mensais — a primeira Quarta-Feira de todo mês. Eu preciso de tempo pra me dedicar completamente. Pra poder continuar te entregando o que existe de mais honesto em mim, mas sem me machucar no processo. Eu to cansada. Bem cansada. E a Crisálida tem alguns outros projetos pedindo pra sair do casulo. Agora eu me peço pra ser mais precisa na alocação dos meus depósitos de energia. Digo “por enquanto” porque honestamente não sei até quando, ou se vou mudar novamente. Tudo é teste. Ainda descobrindo os melhores jeitos de atuação dentro da Crisálida. E o que eu for descobrindo, testando, mudando, evoluindo… vou te contando. Fica perto, fica de olho <3
SPOILERZINHO
Ah! Queria dar um spoilerzinho só pra tu que leu até aqui. Só pra tu que tá aqui compartilhando comigo essas jornadas das QCs. Um dos projetos que ando dedicando minha energia é a Comunidade da Crisálida.
Sabe esse desejo de aprender, criar e evoluir — mas não sozinha? Tô construindo um espaço pra isso acontecer: uma comunidade de mulheres que trilham juntas o caminho da criação. Um lugar seguro, interativo, onde a gente possa tirar dúvidas, receber feedback, compartilhar nossos processos criativos, celebrar as conquistas, dividir as dificuldades e incentivar umas às outras. Se tu curte as QCs, isso vai ser uma expansão dessa experiência.
Se tu já sentiu falta de ter com quem partilhar teu processo, tua expressão, tua voz... isso é pra tu. Esse espaço não é meu, é nosso. Então, preciso da tua ajuda: se tu tens interesse em cocriar essa comunidade comigo responde a essa pesquisa de interesse (estou oferecendo 10% de desconto na primeira entrada pra quem responder). Quero que esse ambiente te ajude a crescer – na tua arte e na forma como te enxergas como criadora. Se quiser saber mais, me manda uma mensagem <3
Espero que essa edição seja palco pra dança do teu bucho.
Bjs e até a próxima Primeira Quarta do Mês (dia 6 de Agosto) <3