Quarta Criativa🦋 #25 Burnout
Edição dedicada à quem esqueceu de se ouvir✨
Ainda não conhece a newsletter Quarta Criativa da crisálida? Quer saber por que essa estrutura pode desbloquear sua criatividade? Tá aqui a estrutura explicadinha e lindinha só pra tu 💖
O Ovo: onde tudo é possível
(Se inspirar ou referências da semana)
📚Livro: Inverno da Alma de Katherine May (aqui). O que aprendi nesse livro me ajuda a passar pelos momentos mais difíceis da minha vida. Vou só te trazer um trechinho:
Plantas e animais não lutam contra o inverno; eles não fingem que ele não está acontecendo e tentam continuar vivendo as mesmas vidas que viviam no verão. Eles se preparam. Eles se adaptam. Eles realizam atos extraordinários de metamorfose para sobreviver. O inverno é uma época de se retirar do mundo, maximizar recursos escassos, realizar atos de eficiência brutal e desaparecer de vista; mas é aí que a transformação ocorre. O inverno não é a morte do ciclo da vida, mas o seu momento de transformação profunda.*
Uma vez que paramos de desejar que fosse verão, o inverno pode ser uma estação gloriosa em que o mundo assume uma beleza esparsa e até mesmo as calçadas brilham. É um momento de reflexão e recuperação, de reposição lenta, de colocar a casa em ordem.
Fazer essas coisas profundamente fora de moda, desacelerar, deixar seu tempo livre se expandir, dormir o suficiente, descansar — é um ato radical agora, mas é essencial. Esta é uma encruzilhada que todos nós conhecemos, um momento em que você precisa descamar a pele morta. Se fizer isso, você vai expor todas essas terminações nervosas dolorosas e se sentir tão vulnerável que precisará cuidar de si mesmo por um tempo. Se não fizer, essa pele endurece ao seu redor. É uma das escolhas mais importantes que você fará.
*A frase original é "Winter is not the death of the life cycle, but its crucible." A palavra "crucible" literalmente significa cadinho, que é um recipiente usado para derreter metais em altas temperaturas. Mas no sentido figurado — como está sendo usada aqui — crucible representa um período difícil, intenso ou transformador, através do qual algo novo, mais forte ou mais puro emerge. É como um teste de fogo.
🎶Música: Acabou Chorare de Novos Baianos pra acalentar nossa alma, enxugar o nosso choro e ser nosso próprio abraço.
🎨Arte: Star Gazer (1929), de Agnes Pelton que sabia escutar seus silêncios. Sua pintura nos convida a pausar, olhar para o céu, mergulhar no vazio fértil do silêncio e escutar o que pulsa dentro.
A Lagarta: Pé no chão, raízes
(Se conectar)
Quero te sugerir a meditação que fiz hoje.
O que você precisa ouvir hoje? A gente às vezes se esquece que sabemos mais que qualquer um o que precisamos ouvir em dada situação.
Se dá um minutinho pra meditar. Pausa e respira fundo. Inspira 1, 2, 3. Segura o ar 1, 2, 3. Expira 1, 2, 3. Quando tiver aquietado a mente se pergunta:
O que eu preciso ouvir agora?
O que eu preciso ouvir quando estou tendo dificuldades?
O que preciso ouvir quando consigo fazer algo difícil?
O que preciso ouvir quando estou com medo?
O que preciso ouvir quando (complete com sua situação particular)?
Responde em voz alta. Se faz ouvir. Você quem toma conta de você.
O Casulo: Introspecção, reflexão
(Olhar pra dentro)
Burnoutei.
Me perdi. Não percebi. Estava mergulhada em um ideal que eu nem acredito. Nem concordo. Nem acho bonito. Mergulhada porque não parei pra pensar. Eu dou tanto esse conselho — Respira. Pausa. Relfete. Sai do automático — E eu não fiz. Me vi negligenciando minha saúde mental. Mas foi tão devagarzinho. Tão pouquinho. “Amanhã/Depois/Jajá eu faço.” E foi passando. E piorando. E eu só parei pra refletir quando já tinha queimado tudo. Falei tanto “tô cansada” “tô exausta” e não me escutei. Ou não quis escutar. Escutar significava fazer algo sobre. Mudar alguma coisa… e eu tava sem tempo. E foi o que eu me respondia.
- Me escuta. Tô cansada.
- Não dá tempo.
- Me escuta eu preciso te contar. Não é assim…
- Não dá tempo.
- Me escuta, me escuta ou eu vou te obrigar a escutar.
- Não. Não. Não tenho tempo. Deixa pra lá.
E eu perdi a voz. E eu fiquei doente. E eu quebrei o esterno e a água me inundou. E transbordou. E quase me afoguei. Mas apagou o fogo. E eu finalmente vi que tava queimando. E eu finalmente escutei os gritos de dor. Como a gente consegue se enrolar por tanto tempo? Como a gente consegue empurrar pra debaixo do tapete sem que a gente perceba? Como a gente consegue esconder coisas tão importantes de nós mesmas? Me parece tão idiota. Auto sabotagem. Quando eu acho que superei isso…vem me inundar de novo.
Eu me desconectei de mim. Quebrei a ponte e me construi uma torre pra não ver mais a grama. Até que eu me esqueci da grama. Me esqueci de voltar e como voltar. Me esqueci que tava lá me chamando o tempo todo. Meu eu de dentro, debaixo da máscara — meu eu que gritou e gritou e não encontrou ouvidos — precisou se transformar em dragão. E quando gritou novamente saiu fogo, muito fogo. E destruiu tudo. E me derrubou no chão. Na grama. Para de fingir!!! Me escuta!!! Eu sei as respostas das suas perguntas! Eu tô tentando te dizer! Me escuta! Não precisa ser assim! Não precisamos destruir tudo. Não precisamos cair. Mas você precisa olhar pra mim. Você precisa mergulhar no nosso escuro sem medo. Você precisa de mim.
Eu escutei. Tô escutando. E por enquanto é uma grande bola cacofônica que fala tudo ao mesmo tempo. Tudo que se acumulou. Não tô entendendo nada. Ainda. Mas tô olhando. Tô te vendo. E você tem a dedicação dos meus ouvidos.
Quando as coisas se tornarem mais claras pra mim, conseguirei falar mais. Por enquanto, essa é a maior clareza que consigo ter — e também o melhor que posso oferecer agora. Essa newsletter é uma ponte pra vocês, que sentem que nem eu… mas é também um portal pra me conectar comigo mesma.
A Metamorfose: A transformação, mudança
(Experimentar)
Essa semana quero te sugerir encontrar alguma obra de arte que te moveu profundamente. Busca ela e se dá um momento pra experienciar de novo. Se for uma imagem, imprime, coloca na parede, olha pra ela e tenta descobrir o motivo dela ter te tocado tanto. Se for música, toca e escuta quantas vezes precisar. Se for filme, assiste. O que quer que seja, dedica a ela um tempo.
Quando você descobrir seu ponto de intersecção com ela, cria a partir disso. Talvez você encontre algo que te falta, ou algo que representa um sentimento difícil de explicar, ou talvez seja o remédio que você precisava pra acalmar a alma.
A Borboleta: Voo, produção, realização
(Abrir as asas e voar)
Aqui, eu te sugiro criar à partir do seu mundo interior. Essa semana, pega as respostas que você se deu no exercício da Lagarta, entra com elas em um casulo e descobre qual a cor da borboleta que nasce. Só isso.
Quero dedicar essa semana à escuta ativa de nós mesmxs… e a descobrir jeitos de materializar os aprendizados que tiramos disso.
Espero que essa edição te inspire a se ouvir melhor…eu tô tentando.
Bjs e até quarta que vem <3