Quarta Criativa🦋 #22 me aceitar ou melhorar?
Edição dedicada aos próximos níveis do jogo✨
Ainda não conhece a newsletter Quarta Criativa da crisálida? Por que essa estrutura vai desbloquear sua criatividade? Tá aqui a estrutura explicadinha e lindinha só pra tu 💖
O Ovo: onde tudo é possível
(Se inspirar ou referências da semana)
🎙️Podcast: A primeira recomendação pra tua semana é uma novidade especial: o Podcast da Crisálida está no ar! Um espaço para investigar como a imagem conta histórias. Cada episódio é um casulo: um convite à introspecção, à descoberta e à metamorfose criativa (você encontra mais detalhes no link acima). Você pode escutar ele por aqui, pelo Spotify ou pelo Apple Podcasts.
🎶Música: Completamente obcecada por esse clipe de Fire in Delhi de BombayMami. A música, por si só, já carrega uma energia de movimento e autoconfiança, mas o clipe eleva essa sensação a outro nível: a artista desliza de snowboard por uma paisagem branca e imensa, vestindo um traje típico indiano vermelho, desafiando a ideia de onde cada coisa “deveria” estar. A escolha não foi aleatória—ela cresceu na Suíça, filha de uma família indiana. Entre montanhas e tradições, e o clipe nasce dessa fusão tão própria de quem ela é.
E não é assim que crescemos? Criando nossos próprios caminhos, trazendo conosco tudo o que faz parte de quem somos. O que é esse “fogo” dentro de você? E que elementos do seu próprio mundo você carrega, não importa para onde vá?
🎨 Arte: Se crescer é um jogo, quais são as ferramentas que nos ajudam a passar de fase?
No curta The Wave, a artista Sougwen Chung não vê a tecnologia como algo que substitui a criatividade, mas como uma aliada. Com sensores conectados aos próprios impulsos cerebrais, ela guia um braço robótico que pinta junto com sua mão, criando um fluxo entre o humano e o artificial.
Aprender algo novo é sobre expandir nossas possibilidades, encontrar novas formas de criar e testar as ferramentas que podem nos ajudar a chegar mais longe. O que existe ao seu redor que pode ser aliado no seu crescimento?
A Lagarta: Pé no chão, raízes
(Se conectar)
Tem dias em que a gente sente que precisa mudar tudo. Melhorar, evoluir, consertar cada pequena coisa que parece errada. E tem dias em que só queremos existir como somos, sem ajustes, sem correções, apenas nos permitindo ser.
Essa semana, te convido a observar sem pressa:
Caminha devagar. Talvez seja no seu quarto, na sala, na rua. Mas caminha prestando atenção em cada passo.
Percebe o momento exato em que um pé sai do chão e o outro toca a terra. O instante em que nenhum dos dois está completamente firme.
Esse pequeno espaço entre um passo e outro existe o tempo todo, mas quase nunca reparamos nele.
Agora, enquanto caminha, se pergunta: onde, na minha vida, estou nesse meio do caminho? Nesse espaço onde não sou mais quem era, mas ainda não sou quem quero ser? O que de mim reflete o que quero melhorar e o que reflete como já cresci?
Sem pressa de chegar, sem ansiedade para resolver. Apenas sente o movimento.
Depois, continua o dia com essa pergunta caminhando com você.
O Casulo: Introspecção, reflexão
(Olhar pra dentro)
"Como definir a linha entre ‘sou assim mesmo, aceitem’ e as coisas que preciso melhorar em mim?"
Essa pergunta me pegou semana passada, numa conversa com Sofia (
).A vida nos entrega um grande paradoxo como resposta a essa pergunta: ao mesmo tempo em que precisamos aprender a nos aceitar como somos, também precisamos mudar, crescer, evoluir.
Então, o que fazer? Se acolher ou se transformar?
O lado da aceitação diz que não dá para viver em guerra constante consigo mesma, que precisamos nos olhar com gentileza, entender que ser humano é ser falho, que não somos máquinas de autoaperfeiçoamento.
O lado da mudança diz que ninguém deveria usar suas falhas como desculpa, que melhorar e crescer é parte necessária da vida, que as pessoas ao nosso redor não são obrigadas a suportar tudo só porque “somos assim”.
Falei pra Sofia que, pra mim, a questão não é sobre escolher um dos lados. A resposta está no tempo.
Não é "me aceite e pronto", e também não é “só serei dignx de aceitação quando for perfeitx”. A resposta é:
"Me aceite agora, como sou, enquanto eu trabalho para ser alguém melhor."
Sim, precisamos trabalhar nas nossas falhas. Mas isso não significa que só seremos dignos de amor, respeito e felicidade quando tivermos crescido o suficiente. Se eu só me permitir ser feliz no dia em que finalmente me tornar a versão definitiva de mim mesma (ou quando conseguir aquele trabalho, aquele casamento, aquele apartamento… tá vendo pra onde eu tô indo?), então estou me condenando a nunca ser feliz. Sempre vai existir algo a ser melhorado, algo a ser trabalhado, algo que ainda falta.
Sou um projeto inacabado, mas eu não espero ficar “pronta” para merecer amor (os projetos inacabados também merecem amor). E se eu mereço respeito, amor e felicidade—mesmo antes de acertar—todo mundo também merece.
E aqui vale dedicar um trecho aos nossos relacionamentos: crescemos (especialmente nós, mulheres) aprendendo que existe uma pessoa perfeita para a gente. Alguém que vai nos entender sem que precisemos explicar nada, que vai ser o encaixe exato das nossas lacunas, que vai saber o que dizer e o que fazer o tempo todo.
Mas, quanto mais conhecemos alguém, mais óbvio fica que essa pessoa não é A Pessoa perfeita dos nossos sonhos.
E aí muitos relacionamentos acabam porque, se há falhas, se há ruídos, se há esforço, então pensamos que escolhemos a pessoa errada.
Só que ninguém é perfeito e, muito menos, perfeito para você.
Como aceitar a imperfeição e, ao mesmo tempo, não aceitar relações que abusem da nossa boa vontade?
Da mesma forma que eu preciso me aceitar imperfeita, eu também preciso aceitar a imperfeição dos outros. Mas isso não significa que sou obrigada a aceitar tudo dos outros sem que eles façam nada a respeito.
O ponto não é aceitar qualquer falha. O ponto é aceitar enquanto. Aceitar enquanto há movimento. Enquanto há esforço. Enquanto há trabalho real sendo feito. Existe uma diferença enorme entre alguém que reconhece seus erros e busca crescer, e alguém que só pede desculpas sem nunca mudar. Ou pior, alguém que nem sequer admite que errou.
Esse é exatamente o motivo que, desde o comecinho, me fez acreditar no futuro com meu parceiro: eu vejo o esforço dele em melhorar. Eu vejo ele escutando. Eu vejo ele admitindo erros. E eu vejo ele tentando. Isso é o que importa.
Eu não preciso de perfeição, mas eu preciso, sim, de comprometimento. Eu preciso de alguém disposto a crescer ao meu lado.
A grande questão nunca foi sobre encontrar um estado final de perfeição. É sobre estar sempre em progresso. Em movimento. A vida sem imperfeição é como vencer o último chefão do jogo: comemoração curta e… fim. Game over. Não tem pra onde ir. Acabou.
E, ao mesmo tempo, nunca se permitir mudar é ficar presx no mesmo nível para sempre, revivendo a mesma fase, sem descobrir as aventuras do que vem depois.
O segredo (como tanta coisa na vida) está bem ali no meio: se esforçar pra crescer, mudar, evoluir—mas se aceitando (e vivendo, e amando, e merecendo tudo de bom no mundo) agora, antes de vencer o último chefão.
É aquela história de ser sobre a jornada e não o destino. Tu sabes bem, porque já ouvistes um milhão de vezes. Todo clichê tem um fundo de verdade.
Precisamos aprender a ser felizes enquanto caminhamos a jornada. Da mesma forma que precisamos aprender a nos amar enquanto trabalhamos para crescer, já que nunca seremos uma versão definitiva. Mas, com um pouco de esforço, seremos sempre um rascunho melhor do que o anterior. Mais consciente, mais gentil, mais profundo, mais feliz, mais cheio de amor, mais cheio de vida.
Essa é a beleza de estar aqui. Vamos apagar as linhas que separam o “eu de agora” do “eu que merece”, sem perder a vontade de continuar caminhando, continuar crescendo. Porque, no jogo, só se aprende jogando.
E, cá pra nós, é muito gostoso passar de um nível difícil.
Um que a gente passou um tempão jogando, melhorando, reconhecendo e desviando das armadilhas, achando o lugar secreto da vida extra, uma ferramenta escondida na moita, aprendendo exatamente onde pular, onde se abaixar, onde correr. Bloqueando o ataque dos capangas até finalmente chegar no chefão e, dessa vez, com tudo que a gente aprendeu, acabar com ele e finalmente - FINALMENTE! - conseguir passar pro próximo nível! Fogos, confetes, suor, muito pulo e muita gritaria!
Depois de muito comemorar (parte importantíssima), hora de se encantar, explorar e aprender tudo que esse novo universo tem a oferecer.
Triste de quem desiste de tentar com as primeiras perdas. Todo nível vencido carrega consigo a bagagem de todas as vezes que falhamos….e tentamos de novo.
A Metamorfose: A transformação, mudança
(Experimentar)
Pensa no seu jogo favorito.
Pode ser aquele que você jogou por horas sem ver o tempo passar, aquele que te desafiou de um jeito especial ou até mesmo aquele que marcou uma fase da sua vida.
Pensei logo em Sonic, o jogo que marcou minha infância. Nunca vou esquecer daquele nível fatídico que eu simplesmente não conseguia passar—e da glória do dia, já adulta, em que finalmente consegui (dessa vez, jogando no celular em vez do console).
O que, do teu jogo, te faz (ou fez) continuar jogando? A descoberta de novos mundos? O desafio de passar de fase? O aprendizado com cada erro?
Pega um elemento desse jogo—um cenário, um personagem, um desafio, um momento marcante—e transforma isso em algo seu. Pode ser um texto, um desenho, um remix de imagens, um diário de jogador…
Como esse jogo reflete tua própria jornada? Que parte dele lembra a forma como você cresce e aprende na vida?
A Borboleta: Voo, produção, realização
(Abrir as asas e voar)
Cada fase da vida tem seus desafios, seus aprendizados, seus momentos de conquista. Às vezes, parece que estamos presos repetindo o mesmo nível. Outras vezes, conseguimos avançar e sentimos aquela euforia de desbloquear algo novo.
E se a sua vida fosse um jogo? Como ele seria?
Essa semana, essa é a sugestão: cria o jogo da sua vida (pode ser roteirizando ou desenhando ou fazendo musica ou fotografando ou qualquer forma que faça sentido pra vc).
Quem é o personagem principal? Quem está ao seu lado nessa jornada? Como é o cenário? Quem são os chefões? Qual a forma das armadilhas? E das ferramentas? Da vida extra? Dos capangas do chefão? Você teria algum superpoder? Qual seria o nome do jogo?
Como foram os níveis que você já superou? E os chefões que precisou enfrentar? Quais atalhos te ajudaram no caminho e quais ferramentas você encontrou pelo percurso?
Agora, olhando pra onde você está: Como é o cenário que representaria essa fase da sua vida? E qual será o próximo grande desafio? Que fase nova está se abrindo no horizonte?
Reimaginar sua história como um jogo pode trazer pistas inesperadas sobre como seguir jogando. Eu adoraria conhecer teu jogo se você quiser compartilhar comigo <3
Espero que essa edição te ajude a enxergar o movimento entre ser e mudar—nem estagnação, nem pressa, apenas o próximo passo no seu próprio jogo.
Bjs e até quarta que vem <3